domingo, 12 de julho de 2015

ELE

Postado por Rafaela Peres às 22:35
Quando um elogio é captado, ele surge,
agradecendo por si próprio, sem nenhuma palavra.
Ele desenhado no espelho
é mais sincero do que assistido pela televisão.
Entre um beijo e outro, meio dele basta, pois, depois da companhia,
é ele quem agradece.
Geralmente, o espaço dele é largo, às vezes nem tanto,
mas na maioria, ele se doa delicadamente, de lado.
Ele pode ser covarde, intenso, verdadeiro, ou até infinito,
só interrompido por pausas.
Ele é barreira para as lágrimas,
e o conforto do ego. Aliás, ele é tão descarado
que se arreganha na hora de escovar os dentes.
Ele é a causa e a cura, e só pode ser reparado no começo e no fim,
porque durante o meio ele é contemplado.
Ele gosta de aparecer quando escuta aplausos,
ou quando lê olhares.
Ele é ligeiro quando não é forçado.
Ele acalma tanto quanto chá de camomila.
O paladar, além de fazer parte dos cinco sentidos,
é a casa dele, e quem sente mesmo é só ele.
Dizem por aí que tudo o que é bom dura pouco,
mas ele discorda, pois, sendo bom, é espalhado aos poucos,
em grandes quantidades, e a todo momento.
Ele pode surgir ao ar livre ou entre quatro paredes.
Ele é a vírgula dos diálogos.
A gente só toma jeito com os nossos pais, 
e ele só toma jeito se usar aparelho.
Se não sabe do que estou falando, 
é porque você ainda não se permitiu.
Mas caso saiba bem a respeito, me faça um favor:
solte-me um após ler o ponto final.

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